GALLEIRA (15)

OS POBOADOS DAS ALTURAS

Com os restos das presumíbeis poboaçóns, situadas noutro tempo no mais alto e mais àspero das nossas montanhas, sucede o mesmo que com as lacustres: a tradiçón asinála a cada passo os lugares onde podem desde logo levar com algunha seguridade as investigaçóns. Conforme com ela, vemos a cada momento que localidades obscuras e apartadas, com ruínas mais ou menos interesantes, se denomínam A Cividade, que outras levam nomes de cidades situadas em diferêntes rexións, unindo-as resoltamente à vida, martírio e lenda de tal ou qual santo; e enfím, que non faltam as que graças às reminiscências clássicas dos que buscabam outra Calcedônia, outra Arménia, outro Píndo, as situabam alí onde mais lhes convinha ou mais quadraba com as suas suposiçóns e fábulas. Dase vida às imaxinárias, e multiplicabam-se as que fora de toda dúvida existirom. Assim a nossa Citânia passa-lhe o mesmo que à Alesia francesa, e diversas e ainda distantes localidades disputam-se a glória de haber presenciado aqueles encarnizados combates, em que o valor galego fixo frente às águias de Roma. Sem que acreditemos que por agora os materiais acópiados som suficientes, nem sequer para ter a seguridade de que nos lugares asinalados existem as ruínas que na imaxinaçón de alguns tomam as proporçóns e a vida da realidade, non por isso entendemos que se debe fazer caso omíso delas e condená-las a um silêncio que non merecem. Excepçón feita da Citânia portuguesa que foi ditosamente explorada, as que hoxe podemos sinalar non som muitas nem tampouco características. Mas, quando menos, a título de documento e como base das mais fecundas investigaçóns, podem e debem ser asinaladas à atençón dos arqueólogos e dos historiadores galegos. A mesma vida que recebem dos forxadores de antiguidades, probam que nos sítios recordados existíam quando escrebiam eles, restos, mais ou menos dignos de apreço, de antiquíssimas e rudimentárias poboaçóns. ¿Pode-se chamálas prehistóricas? ¿pode afirmar-se que forom levantadas por pobos anteriores ao celta? Certamente; mas os restos da Citânia portuguesa probam que forom habitadas também por xentes arianas. Talvez lhe passou o quê das cidades lacustres, e o celta vencedor arroxou delas aos seus primeiros donos, e apoderou-se das desertas vivendas. Desgraçadamente, daquelas cuxas ruínas existem entre nós, nada pode asegurar-se. Nem forom estudadas, nem todas se conhecem. A solidón habita esses lugares desolados, mas poéticos, em que se conservam os restos de unhas poboaçóns misteriosas, sem passado, sem história, sem monumentos quase, mas que graças às tradiçóns que tomarom raíz no seu chán e como quem dí as envolve, lográrom vencer o esquecimento dos homes.

MANUEL MURGUÍA

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