GALLEIRA (14)

Tanto santo Martinho Dumiense, como o segundo Concílio Bracarense, referem-se únicamente às árbores, fontes e pedras. Non mencionam mais. O que non pode negar-se é que em todas elas parece perpectuar-se a lembrança da resistência das crênças antigas perante a doutrina do Evanxélio, pois a elas vai unido o castigo do céu que as abrasa ou anega: isto no caso de non ter tomado o efeito pola causa, e estabam destruídas e aniquiladas, supunham que milagrosamente e polas suas grandes culpas e extravíos tinham sido tán cruelmente tratadas polo céu. Que se sinálem na Galiza tantas cidades de Valverde destruídas e cobertas polas àguas e que a mais de unha se lhe chame “Lucerna”, acreditamos sexa reminiscência dos românces de milágres que se compuxérom e cantarom à porta da igrexa de Santiago, românces cuxa extensón debeu ser grande polas circunstâncias especiais desta romaría. Encontrámo-los pertencentes ao cíclo carolinxio, e portanto supômos fundadamente que entre eles haberia algum, tomado de aquel passaxe da “Vida de Carlo Magno”, polo pseudo Turpin, no qual se narra a destruçón da cidade de Lucerna no Val Verde. Rodeada de fortes muros que lhe permitirom resistir o poder de Carlos, só pudo ficar inhabilitada e desfeita, graças ao milagroso auxílio de Deus e do Apóstolo Santiago. Segundo a Crónica, no seu centro formou-se um puzo de àgua negra, no qual viviam grandes peixes, todavia mais negros que as àguas. E ¿Quem non vê nestes detalhes da tradiçón apoiáda nos feitos e declarada a existência de outra cidade lacustre mais na nossa Galiza? A lenda extendeu-se a outras localidades, graças à Crónica ou aos românces, é mais que probábel. Também a lembrança da cidade de Lucerna, consignado na Crónica, está bassado num fundo tradicional, e feitos e detalhes e nomes tomados de lábios populares, e talvés também da extricta realidade. É mais, pode-se sinalar com mais seguridade que até agora, a localidade à que se refere o falso Turpin. Non sería outro que o lago Carrucedo, no Berço, ao qual vivem unidas todavía várias e curiosas lendas próprias da maior parte das estaçóns lacustres. O val “verde e forte” non sería outro que o de Valcárcel, sobre tudo quando se menciona a Carcesa, em Val-Verde, e Valverde está perto do lago.

MANUEL MURGUÍA

Deixar un comentario